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Contenção Ortodôntica – Parte 2

Seu ortodontista quer que seu sorriso fique perfeito para sempre. Portanto, acredite nele, use seus aparelhos de contenção!

No último post (leia aqui), falei por que precisamos usar aparelhos de contenção, quais os tipos e indicações. Vamos ver agora o que precisa ser feito, na prática!

Por que quase sempre se usa removível em cima e o fixo embaixo?

Além de a contenção fixa embaixo ser muito mais conveniente pelas questões da mastigação e da estética, essa é a região mais instável a longo prazo. Com o passar do tempo, existe uma tendência natural de movimento nos incisivos inferiores, mesmo para quem não fez tratamento ortodôntico. Então, a contenção fixa é mais segura, porque não depende da cooperação do paciente para ser usada.

Embora pareça, pela lógica, que uma contenção fixa em cima seria mais cômodo, na prática não é: é difícil limpar, interfere na mastigação e tem uma chance grande de quebrar, criando frequentes situações de urgência. Como em muitos casos o arco superior é mais estável, uma contenção removível bem usada costuma ser suficiente para manter os resultados. Em alguns casos bem específicos, o ortodontista pode indicar uma contenção fixa superior, sozinha ou associada a uma removível.

Por quanto tempo usar os aparelhos de contenção?

👀 O uso é individualizado para cada paciente, então, siga sempre as orientações do seu ortodontista!

No caso das contenções removíeis, o uso normalmente é mais intensivo nos primeiros meses, e no acompanhamento, vendo que o caso está bem estável, o ortodontista pode indicar a redução gradual do uso. O último estágio é o uso noturno, quando se usa a contenção móvel apenas para dormir, o que é bem confortável para a maioria das pessoas.

Mas ok, por quanto tempo mais? 🤨

Nós brincamos que a contenção deve ser usada por quanto tempo o paciente queira manter seus dentes no lugar!

A recidiva, ou seja, a volta dos dentes às posições de antes do tratamento, ocorreria só por algum tempo depois da remoção do aparelho fixo, mas, depois disso, temos a movimentação que ocorre por amadurecimento da oclusão.

Sim, assim como a nossa pele, músculos e ossos, nossa oclusão envelhece, e os dentes se movimentam em resposta às novas demandas do organismo.

É bem comum pessoas que entram na faixa dos 40-50 anos, que já trataram antes e permaneceram estáveis mesmo sem contenção, começarem a notar que os dentes entortam, abrem ou mudam de posição com o avançar da idade. Isso não significa que o tratamento feito antes falhou, e sim que a oclusão está mudando em resposta ao amadurecimento do organismo.

O uso “eterno” da contenção previve essas movimentações tardias.

E é possível usar contenção ortodôntica pelo resto da vida?  Com os devidos cuidados sim, com certeza! O principal deles é o acompanhamento semestral. Não temos que ir ao dentista a cada 6 meses de qualquer forma?

Adaptação ao uso das contenções

Como para qualquer aparelho ortodôntico, os aparelhos de contenção podem causar um estranhamento nos primeiros dias, mas, uma vez o paciente adaptado e as rotinas de higiene adequadas, os aparelhos se tornam confortáveis e sem grandes impactos na rotina de quem usa.  

Se os aparelhos continuarem incômodos depois de alguns dias, retorne para o seu ortodontista. Às vezes, um simples ajuste é suficiente para que fiquem totalmente confortáveis. 

Não usei minhas contenções e os dentes entortaram, o que faço?

Se a falta de uso for de uns poucos dias e aconteceu um movimento pequeno, voltar a usar a contenção pode movimentar os dentes de volta para o lugar. Mas, uma vez que o aparelho desadapte totalmente e as posições erradas se consolidem, só fazendo outro tratamento ortodôntico para que voltem ao lugar. A boa notícia é que geralmente esse novo tratamento é rápido e simples, e podem ser usados aparelhos mais discretos e confortáveis, como alinhadores.

Não esqueça: com a contenção, seu tratamento não acabou, apenas mudou de fase. Você ainda deve retornar para o seu ortodontista no tempo que ele indicar. Ele não só trabalha para construir um sorriso bonito, mas também para mantê-lo – desde que você também faça sua parte. Combinado?

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Contenção Ortodôntica – Parte 1

Você tirou o aparelho fixo? Espere, seu tratamento ainda não terminou! Entenda por que você precisa usar os aparelhos de contenção.

Se você ou alguém próximo fez algum tratamento ortodôntico, já sabe que, quando o tratamento termina, não basta simplesmente remover o aparelho fixo e deixar os dentes à vontade. Para manter os resultados, precisamos usar aparelhos de contenção depois. Popularmente, diz-se que “depois do fixo, tem que usar o móvel”. Mas como isso funciona?

Por que contenção?

Um tratamento ortodôntico – seja com aparelho fixo ou com alinhadores – tem uma fase ativa, em que os aparelhos exercem forças para movimentar os dentes até suas posições corretas. Quando a fase ativa termina, as posições novas dos dentes são instáveis, porque o osso, a gengiva e os músculos que estão à volta – da língua, das bochechas e dos lábios – ainda não se adaptaram e criam uma tendência a movimentar os dentes para as suas posições iniciais.

Então, se remover o aparelho fixo e nada segurar os dentes, é bastante provável que se eles voltem, nem que seja um pouco, para suas posições originais: dentes giram, espaços abrem, problemas estéticos voltam… chamamos isso de recidiva.

Para evitar essa situação, quando o ortodontista remove o aparelho fixo, instala aparelhos mais simples, que não fazem força, apenas seguram os dentes nas suas posições. São os aparelhos de contenção.

Importante: contenção é só para quando o tratamento está devidamente finalizado. Quando o paciente decide interromper o tratamento antes do fim, não faz sentido segurar os dentes em uma posição que não é a ideal, concorda?

Os aparelhos de contenção podem ser removíveis ou fixos.

Os removíveis, como o próprio nome diz, são dispositivos que são retirados e colocados pelo paciente. E esse é o maior problema deles: precisamos da disposição do paciente para usá-los. Se não forem usados, principalmente nos primeiros meses, existe uma chance muito grande de se perder os resultados do tratamento.

Os aparelhos de contenção fixos são feitos com fio e colados em regiões que não devem interferir na estética e na mastigação, segurando os dentes nas suas posições.

A vantagem é que não dependem da colaboração do paciente, e, por isso, se permanecerem inteiros, é certo que vão funcionar. A maior desvantagem é criar uma certa dificuldade de higienizar.

As contenções fixas podem ser retas ou com dobras para auxiliar na passagem do fio dental, que chamam popularmente de “contenção higiênica”.

Contenção fixa inferior feita com fio reto.
Fonte: SILVA FILHO, O.G., KUBTSKI, M.G., MARINHO, E.T. R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 6, p. 17-24 – dez. 2004/jan. 2005
Contenção fixa com dobras para permitir a livre passagem do fio dental. Infelizmente, a vantagem higiênica não se confirmou.
Fonte: BICALHO, J.; BICALHO, K. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 1, p. 9-13 – fev/mar. 2002

Só que estudos clínicos concluíram que a contenção higiênica não é tão higiênica assim. Percebeu-se que o maior volume de fio acumula muito mais placa bacteriana e tártaro, criando uma chance muito maior de inflamação gengival do que as contenções retas. Por essa razão, muitos ortodontistas não indicam mais as contenções higiênicas (inclusive eu). 

Contenções fixas são muito usadas no arco inferior, coladas por trás dos dentes da frente. É uma região que sofre relativamente pouco com as forças da mastigação, e não interfere na estética.

Já para os dentes de cima, existe uma dificuldade: os dentes de baixo mordem exatamente naquela região e toda a força da mastigação incide sobre a contenção; então, a chance de quebrar é muito maior. Por essa razão, as contenções fixas nos dentes de cima só são indicadas em casos bem específicos: quando temos uma mordida que permite e quando fizemos movimentos que sabemos que tem uma chance de recidiva (volta às posições originais) é maior. Exemplos: dentes que eram originalmente girados, e espaços entre os dentes (diastemas).

Será que quando remover o aparelho o espaço vai abrir de novo? Sim ou com certeza?
Fonte: BICALHO, J.; BICALHO, K. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 1, p. 9-13 – fev/mar. 2002
Então não tem jeito, vamos ter que segurar com contenção fixa!
Fonte: BICALHO, J.; BICALHO, K. R Clin Ortodon Dental Press, Maringá, v. 1, n. 1, p. 9-13 – fev/mar. 2002

Os aparelhos de contenção podem ter variações de acordo com o problema inicial do paciente, e de acordo com a tendência de movimentação que os dentes terão após o tratamento.

Tem continuação: leia aqui Parte 2!