Julho Laranja: como as funções afetam a oclusão
Respiração, aleitamento, mastigação… Todas as funções precisam estar equilibradas para a oclusão se desenvolver bem!
Esse é o quarto post sobre ortodontia na infância, como parte da campanha Julho Laranja. Se você não viu os anteriores, é só clicar aqui. Hoje falaremos sobre a importância da respiração e os hábitos prejudiciais.
O desenvolvimento da oclusão depende muito das funções, ou seja, a alimentação (aleitamento nas crianças menores e mastigação nas maiores), a respiração, a fala e a deglutição. Se alguma dessas funções não estiver bem, existe a chance de a oclusão não se desenvolver adequadamente.
Um exemplo é quando a criança tem alguma obstrução nas vias aéreas superiores (adenoides, rinite crônica, hipertrofia de cornetos nasais, etc.) e não consegue respirar pelo nariz, tendo que usar a boca. Isso modifica totalmente a postura da língua, da mandíbula e do pescoço, causando alterações na oclusão, na face e no organismo como um todo.
Quanto mais cedo a respiração bucal for descoberta, mais fácil tratar as consequências. A criança deve ser encaminhada ao otorrinolaringologista para tratar a obstrução nasal, enquanto o ortodontista atua no problema oclusal. Inclusive, a terapia ortodôntica costuma ajudar a diminuir a obstrução, mas isso não substitui o acompanhamento com o otorrino. O tratamento fonoaudiológico pode ser indicado também.
Outro hábito que está muito relacionado com más-oclusões é a sucção prolongada de chupeta ou do dedo. Ter um “corpo estranho” posicionado entre os dentes de forma constante pode alterar a forma dos arcos e causar mudanças na postura da língua e da mandíbula.
A chupeta merece uma discussão à parte, pois seu uso implica em muito mais do que consequências na oclusão. Há algum tempo, dizia-se que, se a chupeta fosse abandonada até os 2 ou 3 anos de idade, os problemas de oclusão se corrigiriam espontaneamente. Ou seja, se a chupeta for abandonada até essa idade, não haveria problema. Mas, recentemente, descobriu-se que o uso da chupeta interfere negativamente no aleitamento materno, por exemplo. Então, a recomendação atual é que a chupeta não seja oferecida em nenhuma idade. Na prática, isso não é fácil para as famílias, mas é uma discussão para um outro momento.
O ideal é que a criança não use a chupeta em nenhuma idade, mas, se usar e abandonar até os 3 anos, tudo bem do ponto de vista da oclusão. Porém, se passar disso, é possível que as alterações sejam mais persistentes. O ortodontista pode atuar tanto corrigindo as consequências quanto ajudar a criança no abandono dos hábitos, com técnicas comportamentais e aparelhos reeducadores.
A sucção do dedo costuma ser mais crítica do que a da chupeta porque, ao contrário da primeira, não é possível tirar do alcance da criança. Mas, com os aparelhos e técnicas certas, é possível ajudá-la a deixar esse costume.
Além desses, existem outros hábitos que podem causar alterações na oclusão. Levar a criança para ser acompanhada desde cedo pelo ortodontista pode ajudar a identificar e eliminar esses fatores, ajudando a oclusão a se desenvolver de forma saudável.
Até o próximo post!
Referências bibliográficas:
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