Tudo – Absolutamente Tudo! – sobre alinhadores ortodônticos
Aparelho invisível, alinhadores transparentes… O que você sabe sobre os aparelhos ortodônticos mais inovadores?
O que são alinhadores?
São aparelhos ortodônticos em formas de placas transparentes, confeccionadas em material plástico, que movimentam os dentes se usadas em sequência.
Não são uma ideia nova: os primeiros aparelhos feitos dessa forma foram descritos na década em 1940. Porém, as limitações de tecnologia da época tornavam esses tratamentos inviáveis do ponto de vista prático. Só nas últimas décadas, com o surgimento de escâneres, impressoras 3D, softwares que fazem a simulação da correção ortodôntica, e materiais plásticos com boas propriedades, que foi possível produzir esses aparelhos em larga escala, com previsibilidade de resultados e custos acessíveis.
Como funcionam?
Como qualquer aparelho ortodôntico, movimentam os dentes aplicando forças. Nossos dentes têm a capacidade de mudar de posição dentro dos ossos, em resposta a forças. Isso é um recurso da natureza para que os dentes se adaptem às mudanças que ocorrem ao longo da vida.
Como são produzidos?
Falando só dos aparelhos propriamente ditos, o primeiro passo é criar um modelo 3D das arcadas e da oclusão, através de um scanner próprio.
Usando um programa de computador específico, o operador simula a correção dos dentes (de acordo com os objetivos do tratamento, como vou explicar melhor adiante), até a situação ideal para aquele paciente – essa etapa chamamos de setup.
Sabendo quanto é possível de movimentação dentária para cada placa, o programa gera uma série de estágios intermediários entre o inicial e o final. Cada estágio promove um pouco de movimentação, que vai levar de um ponto a outro. Para cada um desses estágios, é impresso um modelo da arcada e criada uma placa relativa àquele estágio.
Quando o paciente usa as placas na sequência, juntamente com alguns procedimentos feitos no consultório, os dentes movimentam-se gradativamente da posição inicial até a posição desejada.
E os alinhadores realmente funcionam?
Sim – se bem indicados, se bem executados, e se o paciente os usar corretamente.
Bem indicados
Infelizmente, com a tecnologia que temos atualmente, nem todos os problemas de oclusão são corrigíveis com alinhadores, e, para outros, não seriam o aparelho de primeira escolha. Como expliquei acima, os alinhadores só movimentam os dentes selecionados, então são mais interessantes para casos em que é necessária relativamente pouca movimentação.
Para correções muito extensas, o número de alinhadores é muito maior, aumentando exponencialmente o custo, o tempo de tratamento e a necessidade de colaboração do paciente, que tende a diminuir com o tempo.
Bem executados
Assim como qualquer aparelho ortodôntico, os alinhadores não fazem nada sozinhos! Bons resultados dependem de:
• Um bom planejamento por parte do ortodontista: nenhum tratamento pode dar certo se não houver um bom diagnóstico e clareza sobre o que precisa ser corrigido;
• Na etapa laboratorial: um setup minucioso, uma boa impressão e a confecção precisa das placas;
• O correto acompanhamento pelo ortodontista, nos intervalos adequados e executando os procedimentos complementares, quando necessários.
Se o paciente fizer sua parte
Para movimentar os dentes de forma satisfatória, os alinhadores precisam ser usados por pelo menos 22 horas por dia. Isso significa que as placas terão que ser usadas para dormir, no trabalho e nos momentos de lazer.
Praticamente os únicos momentos em que eles deverão ser removidos é durante as refeições e para fazer a higiene bucal. Portanto, é preciso ter disciplina e comprometimento para ter resultados!
Qual é o passo-a-passo do tratamento?
Como qualquer outro tratamento ortodôntico, o tratamento com alinhadores começa com a consulta com o ortodontista, que vai investigar as necessidades do paciente – tanto as suas percepções sobre seu problema quanto as necessidades clínicas. Vai solicitar também os exames complementares, mais conhecidos como “documentação ortodôntica”. Um deles é o escaneamento intraoral, que vai gerar o arquivo 3D em que é feito o setup. Da mesma forma que para o tratamento ortodôntico convencional, são necessárias fotos e radiografias.
Com os dados da entrevista, do exame clínico e dos exames complementares, o ortodontista faz o planejamento de que movimentações dentárias o paciente precisa. Se os alinhadores forem uma opção para o caso e o paciente assim desejar, o planejamento é enviado para a empresa fabricante para que o setup seja feito. Essa etapa define com precisão o número de alinhadores e o tempo de tratamento.
Uma vez que o setup esteja pronto, o ortodontista confere para ver se está condizente com os objetivos do tratamento. Na minha prática, o paciente também participa deste processo. Uma vez aprovado o setup, a empresa inicia a fabricação dos alinhadores.
A primeira sessão é como se fosse a “instalação” dos aparelhos. Os attachments são colados, os primeiros alinhadores são adaptados, e o paciente é orientado quanto ao uso e a frequência das trocas.
Daí por adiante, são marcadas consultas regulares de acompanhamento, que podem ser quinzenais, mensais ou até mesmo mais espaçadas, de acordo com a necessidade do caso. Nessas consultas, o ortodontista checa se está tudo correndo bem e executa os procedimentos complementares necessários (como, por exemplo, pequenos desgastes para acomodar melhor os dentes no espaço disponível).
Quando chega ao final do tratamento, os attachments são removidos, o esmalte dos dentes é polido e são instalados aparelhos de contenção, de forma semelhante ao que é feito com aparelhos fixos.
Qualquer movimentação ortodôntica recente é instável, portanto, é necessário que se usem aparelhos para segurar os dentes nas posições.
Qual é média de tempo do tratamento?
Para os casos bem indicados, o tratamento com alinhadores costuma ser mais rápido do que com aparelhos fixos. Para casos simples, a duração média é entre 6 e 12 meses, e, para os casos um pouco mais complexos, pode passar de um ano.
Entre a consulta no ortodontista e o início do tratamento propriamente dito, são necessários entre 30 e 45 dias, que são os prazos para que o planejamento, o setup e a confecção dos alinhadores sejam concluídos.
Quais as vantagens dos alinhadores?
A maior das vantagens, em relação ao aparelho fixo, é que os alinhadores só movimentam os dentes que queremos movimentar. Com isso, o tratamento normalmente é mais rápido e previsível. Com o aparelho fixo, temos que incluir todos, mesmo os que estão bem-posicionados – e, com isso, toda a oclusão precisa ser reorganizada.
Também são mais confortáveis e infinitamente mais estéticos que os aparelhos fixos. Como são removidos no momento da alimentação e da higiene bucal, não existe a preocupação em quebrar o aparelho ou dificuldade em higienizar os dentes. Em situações sociais ou ocasiões especiais, basta que sejam retirados e ninguém saberá que você usa aparelho.
Por que “aparelhos invisíveis”?
Eu não uso os termos “aparelho invísível” ou “alinhadores invisíveis” – prefiro “transparentes” – porque, embora sejam muito mais discretos que o mais estético dos aparelhos fixos, eles são sim perceptíveis em um olhar mais atento. As placas têm espessura média de 0,7 mm, então fazem um leve volume em torno dos dentes.
Além do mais, os attachments fazem um pequeno volume na superfície de alguns dentes, e, apesar de bastante discretos, podem ser visíveis mesmo sem os alinhadores.
São mais confortáveis?
Quando em boca, são bem mais confortáveis que os aparelhos fixos, embora também precisem de um tempo de adaptação. Outra grande vantagem é que são removidos na hora da alimentação, não exigindo cuidados com alimentos mais duros.
Porém, da mesma forma que com os aparelhos fixos, os dentes ficam um pouco doloridos depois da ativação, o que costuma ser perfeitamente suportável.
São mais rápidos?
Para casos simples, sim, justamente porque só movimentam os dentes que precisam ser movimentados, e preservam os que estão nas posições certas. À medida em que a necessidade de movimentação aumenta, são necessárias mais placas e mais tempo de tratamento. Além do mais, tratamentos mais complexos têm mais chance de precisar de refinamento, que é uma fase adicional necessário em muitos casos (falarei mais sobre isso adiante).
Quais as marcas comerciais?
Os alinhadores são produzidos por empresas especializadas, sob encomenda do ortodontista. No Brasil, já existem várias companhias atuando, tanto nacionais quanto internacionais, diferenciando-se basicamente pelo software utilizado, o processo de produção dos alinhadores e o material e espessura das placas.
Algum sistema é melhor que os outros?
Para cada caso em particular, um sistema pode ser mais vantajoso que outro por suas particularidades, por isso é interessante quando o ortodontista domina mais de um. Mas, quando o tratamento é bem planejado e bem executado, todos os sistemas podem oferecer resultados excelentes.
O que é o refinamento?
Para quase todos os movimentos, existe um grau de perda entre o que é planejado e o movimento que realmente acontece. Por isso, em muitos casos, numa fase mais avançada do tratamento, são necessários um novo escaneamento e um novo setup para detalhar com minúcias as posições finais dos dentes. Isso é necessário em torno de 70% dos casos, e não significa que o tratamento não está correndo bem ou o paciente não está usando corretamente os alinhadores. Na nossa clínica, essa fase já está inclusa no investimento total do tratamento.
Os alinhadores vão aposentar os aparelhos fixos?
Como os alinhadores ainda são limitados para alguns casos, muito provavelmente não, pelo menos em um futuro próximo. Os alinhadores não devem ser encarados como um substituto aos aparelhos fixos, e sim como mais uma opção de tratamento.
Já usei aparelho fixo, posso usar?
Pode, e costuma ser muito bem indicado! Quem já tratou uma vez normalmente precisa só de pequenos movimentos, o que é a situação ideal para os alinhadores.
O que é o tratamento híbrido?
Parece loucura, mas não é: em alguns casos, pode-se tratar um caso com alguns meses de aparelho fixo, só para corrigir os posicionamentos mais anômalos, e então finalizar com alinhadores. É uma maneira de juntar o melhor de cada um dos aparelhos: uma correção eficaz, rápida, mais confortável e mais estética. Outra possibilidade de tratamento híbrido é usar, por exemplo, alinhadores em cima e fixo nos dentes de baixo. Não estranhe se seu ortodontista lhe propor isso!
Qual é o investimento para um tratamento com alinhadores?
Há alguns anos, a tecnologia dos alinhadores era muito mais custosa, e só tínhamos sistemas importados, cujos valores estão atrelados ao dólar. Agora, tanto a tecnologia está barateando, quanto temos empresas nacionais que fornecem um produto excelente com um valor condizente com o mercado brasileiro.
Hoje em dia, se usado um sistema nacional (que são tão eficientes quanto os importados), um tratamento com alinhadores tem um investimento similar ao de bons aparelhos fixos.
Em geral, quanto mais complexo o caso, mais alinhadores são necessários e maior o investimento. Portanto, só após a avaliação com o ortodontista é possível ter uma noção mais precisa do valor a ser investido.
Como posso saber se é uma boa opção para mim?
Alguns pontos indicam que você pode ser um bom candidato ao uso de alinhadores:
• se você já fez tratamento ortodôntico antes, mas os dentes voltaram às posições originais, apareceu um novo problema, ou você não ficou satisfeito com o resultado;
• se seu sorriso já é relativamente alinhado, mas tem alguma coisa que você gostaria de melhorar;
• se os problemas de posicionamento dos dentes são relativamente suaves;
• se você tem uma demanda estética que não permite usar aparelho fixo (comum para modelos, atores, apresentadores, jornalistas, influencers, etc.);
• se você tem alergia a metais e não pode usar aparelhos fixos por essa razão;
• se você já tentou tratamento com aparelho fixo, mas não se adaptou.
No momento da avaliação, o ortodontista pode confirmar a indicação e informará quais os próximos passos para prosseguir com o tratamento.
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