Contenção Ortodôntica – Parte 1
Você tirou o aparelho fixo? Espere, seu tratamento ainda não terminou! Entenda por que você precisa usar os aparelhos de contenção.
Se você ou alguém próximo fez algum tratamento ortodôntico, já sabe que, quando o tratamento termina, não basta simplesmente remover o aparelho fixo e deixar os dentes à vontade. Para manter os resultados, precisamos usar aparelhos de contenção depois. Popularmente, diz-se que “depois do fixo, tem que usar o móvel”. Mas como isso funciona?
Por que contenção?
Um tratamento ortodôntico – seja com aparelho fixo ou com alinhadores – tem uma fase ativa, em que os aparelhos exercem forças para movimentar os dentes até suas posições corretas. Quando a fase ativa termina, as posições novas dos dentes são instáveis, porque o osso, a gengiva e os músculos que estão à volta – da língua, das bochechas e dos lábios – ainda não se adaptaram e criam uma tendência a movimentar os dentes para as suas posições iniciais.
Então, se remover o aparelho fixo e nada segurar os dentes, é bastante provável que se eles voltem, nem que seja um pouco, para suas posições originais: dentes giram, espaços abrem, problemas estéticos voltam… chamamos isso de recidiva.
Para evitar essa situação, quando o ortodontista remove o aparelho fixo, instala aparelhos mais simples, que não fazem força, apenas seguram os dentes nas suas posições. São os aparelhos de contenção.
Importante: contenção é só para quando o tratamento está devidamente finalizado. Quando o paciente decide interromper o tratamento antes do fim, não faz sentido segurar os dentes em uma posição que não é a ideal, concorda?
Os aparelhos de contenção podem ser removíveis ou fixos.
Os removíveis, como o próprio nome diz, são dispositivos que são retirados e colocados pelo paciente. E esse é o maior problema deles: precisamos da disposição do paciente para usá-los. Se não forem usados, principalmente nos primeiros meses, existe uma chance muito grande de se perder os resultados do tratamento.
Os aparelhos de contenção fixos são feitos com fio e colados em regiões que não devem interferir na estética e na mastigação, segurando os dentes nas suas posições.
A vantagem é que não dependem da colaboração do paciente, e, por isso, se permanecerem inteiros, é certo que vão funcionar. A maior desvantagem é criar uma certa dificuldade de higienizar.
As contenções fixas podem ser retas ou com dobras para auxiliar na passagem do fio dental, que chamam popularmente de “contenção higiênica”.
Só que estudos clínicos concluíram que a contenção higiênica não é tão higiênica assim. Percebeu-se que o maior volume de fio acumula muito mais placa bacteriana e tártaro, criando uma chance muito maior de inflamação gengival do que as contenções retas. Por essa razão, muitos ortodontistas não indicam mais as contenções higiênicas (inclusive eu).
Contenções fixas são muito usadas no arco inferior, coladas por trás dos dentes da frente. É uma região que sofre relativamente pouco com as forças da mastigação, e não interfere na estética.
Já para os dentes de cima, existe uma dificuldade: os dentes de baixo mordem exatamente naquela região e toda a força da mastigação incide sobre a contenção; então, a chance de quebrar é muito maior. Por essa razão, as contenções fixas nos dentes de cima só são indicadas em casos bem específicos: quando temos uma mordida que permite e quando fizemos movimentos que sabemos que tem uma chance de recidiva (volta às posições originais) é maior. Exemplos: dentes que eram originalmente girados, e espaços entre os dentes (diastemas).
Os aparelhos de contenção podem ter variações de acordo com o problema inicial do paciente, e de acordo com a tendência de movimentação que os dentes terão após o tratamento.
Tem continuação: leia aqui Parte 2!